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quarta-feira, 25 de maio de 2011

CPI do SUS chega a Londrina em meio à grave crise

18/05/2011 | 20:20 Amanda de Santa
 
Deputados estaduais que integram a CPI dos Leitos do SUS chegam a Londrina nesta quinta-feira (19) para fazer um raio-X da qualidade do atendimento nos hospitais da cidade. O cenário que vão encontrar é desolador, com problemas que atingem todos os níveis. No atendimento primário, as unidades básicas de saúde (UBS) estão lotadas. Os hospitais de média complexidade sofrem com problemas de escalas e falta de médicos. Para os casos mais graves, a situação é ainda pior: não há leitos suficientes para atender todas as vítimas. Muitas delas estão tendo que esperar atendimento em macas despejadas em corredores.
A atual falta de estrutura pode ter feito mais uma vítima na terça-feira (17). Uma mulher de 58 anos morreu depois de passar mal dentro de um ônibus coletivo. O Samu foi acionado, mas demorou para chegar. A explicação do coordenador do Samu, Elândio Câmara, é que a ambulância não pôde chegar a tempo pois estava sem macas. O equipamento havia sido retido por um dos hospitais superlotados momentos antes.
A retenção de macas tem sido um problema recorrente. No mesmo dia da morte da mulher, só o Hospital Evangélico precisou reter sete macas no período entre a madrugada e o início da tarde. Já na quarta-feira (18), o Hospital Universitário (HU) precisou usar pelo menos quatro. Cinco foram utilizadas como leitos no Evangélico. O período médio de retenção de macas na Santa Casa de Londrina é de um dia. O hospital também enfrenta superlotação e estava com o atendimento suspenso desde a manhã de terça-feira até o final desta edição.
O vice-presidente do Sindicato dos Médicos e membro do Conselho Municipal de Saúde, José Luiz de Oliveira Camargo, classifica o atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em Londrina como precário. “Faltam leitos, equipamentos, medicamentos e médicos”, aponta. Para ele, é preciso um choque de gestão e mais recursos, principalmente federais. “Os recursos seriam suficientes se o atendimento se restringisse à população de Londrina”. A cidade atende uma população estimada em 2,5 milhões de pessoas que vêm de municípios vizinhos.
“Os hospitais públicos não dão conta e os conveniados não tem estímulo em atender diante da precariedade dos valores pagos, que na maioria das vezes não cobre nem os custos”, afirma Camargo. Somados todos esses graves problemas, o conselheiro diz que o atendimento em Londrina é considerado de baixa qualidade.
Faltam recursos
Em entrevista ao JL na semana passada, diretores de hospitais opinaram sobre a crise na saúde. O superintendente da Santa Casa, o neurologista Fahd Haddad disse que o orçamento nacional da Saúde de R$ 80 bilhões está muito aquém do necessário. “Segundo estudiosos, a necessidade é de R$ 200 bilhões.” A superintendente interina do HU, Denise Akemi Mashima, afirmou que, a curto prazo, a solução seria investir na ampliação de leitos e funcionários para dar conta da demanda diária. A médio prazo, seria necessário a organização do fluxo de atendimento no sistema. E a longo prazo, ela citou ações de promoção da saúde. Nenhum dos diretores quis falar com a reportagem nesta quarta-feira.
Corrupção
O objetivo da CPI dos Leitos do SUS, de acordo com o presidente da comissão, deputado Leonaldo Paranhos (PSC), é fazer um raio-X da saúde nos municípios paranaenses, levantar os problemas e corrigi-los. Paranhos contou que Londrina foi priorizada – é a segunda cidade a receber a visita dos deputados, depois de Curitiba - por conta das denúncias de corrupção no setor, deflagradas pelo Gaeco na semana passada. Vinte pessoas estão sendo investigadas e 14 continuam presas pela suposta participação no desvio de recursos públicos da saúde.
O deputado disse que quer ouvir os promotores do Gaeco sobre as denúncias, além de falar com donos de hospitais, central de leitos, presidentes de associações e, claro, com os usuários do SUS. Ele afirmou que não vai esperar a conclusão da CPI, prevista para agosto, para começar a resolver os problemas.
Paranhos garantiu ainda que, se forem encontrados problemas de gestão ou de corrupção na saúde, os responsáveis vão responder administrativamente e judicialmente. No total, 12 regionais de saúde serão visitadas pela comissão. Os locais a serem visitados em Londrina não foram divulgados. No período da tarde, os membros da CPI seguem para Maringá.

Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br/cidades/conteudo.phtml?tl=1&id=1127353&tit=CPI-do-SUS-chega-a-Londrina-em-meio-a-grave-crise

 







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