OS DITAMES DA CONTROVÉRSIA DA HIPOCRISIA
CRÔNICA VENCEDORA NO CONCURSO INTERNACIONAL DO INSTITUTO DE FILOSOFIA E DESENVOLVIMENTO ESPIRITUAL DA HUMANIDADE SEDIADA NA BÉLGICA – 18/11/10
“Quem precisa tem que se submeter.”. É inacreditável ouvir esta frase vinda da boca de Rosacrucianos, Sufistas, Islamistas, Buditas, Kardecistas, Católicos ou qualquer outra religião, seita, ou instituição filosófica que pregue o auto-conhecimento, desenvolvimento interior, espiritual e a disseminação da prática do amor ao próximo - principalmente porque comumente quem usa esse tipo de jargão, expressa o “submeter” como sinônimo de perda da dignidade, voz e vontade, colocando o necessitado à mercê dos desejos de quem ajuda, - já que mesmo em palavras diferentes, se bem que sinônimas, todas essas instituições dizem claramente: “Quem precisa, deve ser ajudado com dignidade.”. “Ama o teu próximo como a ti mesmo.”. “Não faças ao outro o que não gostarias que fizessem contigo.”.
No entanto, o que se vê na prática é que, menos de 1% até mesmo dos considerados aptos a Mestres, Pastores, Guias, Padres, etc, comportam-se como apontam suas escrituras. O uso e abuso do poder, mesmo que inconscientemente, prepondera nessas situações. E, vejo eu, em minha visão considerada radical por muitos, que tais pessoas, as que assim agem, não passam de doentes da emoção. Incapazes de se darem ao amor. Podem ser muito práticos, inteligentes, resolutivos e até abastados em suas doações materiais, mas no que se refere a fortalecer a alma do outro, são uma negação. Vivem na ideologia, sábios teóricos.
Aproveitam-se do momento de fraqueza e dor do outro, para sobrepujarem suas ordens, sentirem-se cada vez mais acima e até considerarem-se “Onipotentes”. Esta é a guerra da evolução, que não deixa de basear-se no puro Darwinismo competitivo: Vence e domina o que é mais forte. Quem tem saúde, dinheiro e trabalho, casa própria, família, etc.
É no momento de visualização dessas atitudes, que me sinto louca, desconexa e perdida em relação a tudo que aprendi como certo e bom. Principalmente quando o vejo acontecer dentro do reduto menor: a família.
Aqueles que mais deveriam amar ao seu mais próximo, se alienam, fingem não perceber as necessidades ou simplesmente são tão egocêntricos que nem se dão conta da morte ou desestruturação eminente à sua frente. Essa é a verdadeira e maior razão do enlouquecer de muitos, pois, são forçados a ultrapassarem o último limite de superação, enfrentando sozinhos a dor física e consequentemente a emocional, que com certeza é muito mais profunda e mata ainda mais.
E, não conseguindo “provar” sua capacidade de se reerguer sozinho, vários acabam no suicídio ou internação, já que não existe dor maior que a do abandono emocional, falta de apoio, abraço, carinho, o chorar junto, o conforto afetivo, pois quando não se pode fazer nada pela dor física, somente a doação de amor é capaz de fortalecer o necessitado.
E quando os ajudantes (ditos familiares e amigos) são questionados, ora bolas, as únicas respostas que se ouve são: “Estou fazendo o que eu posso.”. “Já faço demais, mais do que isso não dá.”. “Carinho? Existe maior carinho que sustentar, levar ao médico, comprar remédio e comida?”. “Eu já ajudo demais.”. “Está é de frescura.”. “Não tenho com fazer desaparecer a dor.”. “Você tem que reagir.”. “Além de tudo que faço ainda tenho que sofrer junto?”.
E daí se dá a verdadeira hipocrisia da caridade, porque obviamente ajudar ao mais distante, sem qualquer contato emocional, sem olho no olho, oferecendo um prato de sopa na madrugada e sair da rua de alma lavada porque fez algo de bom, como se tivesse salvado uma alma, sem sequer pensar em como será o dia seguinte daquela pessoa, isso é muito fácil. Até eu mesma, que não sou religiosa consigo fazer isso!
Ligar para o doente, praticamente exigindo que ele diga que está melhor, que está tudo bem, sem ao menos se dar ao trabalho de caminhar um quarteirão, mesmo que passando na porta dele, para uma visita, um apoio, um abraço, porque no fundo não quer ele sofrer, encarar e vivenciar a dor do outro, sublimando que tudo se resolverá com orações? E se o doente diz que não está melhor, que está mal, simplesmente finge não ouvir ou entender, e a única resposta é: “Tenha fé, reze, tudo vai passar.”. Ou ainda pior, o doente ainda recebe uma reação ignorante com gritos e exalação de culpa, pois não está sendo positivo, só reclama.
Mas, enquanto não passa a dor, o que faz o doente que vive sozinho, e não consegue mesmo que temporariamente, se levantar da cama nem mesmo para suas necessidades básicas como comer, ir até ao banheiro, raciocinar quais são os medicamentos que deve tomar, o que pode ser feito para aliviar a dor? E mais: como conviver e se curar se existe além da dor física, dores ainda maiores que são a solidão, a carência, o isolamento, o silêncio da impotência, a falta de aconchego e força daqueles que dizem que lhe amam?
E, ai do doente se reclamar de algo! Simplesmente é considerado egoísta, quer ser o centro das atenções, não pensa em mais ninguém, exagera. Nossa! Isso é a real subjugação. E ainda chamam isso de cooperação, preocupação (à distância, é claro), assistência?
E, sentindo que nem os pais, irmãos e parentes mais próximos querem se envolver e se doarem de verdade em busca da cura ou de um conforto suficiente para conviver o melhor possível com a doença, dá para esse paciente ser positivo, confiar, guerrear e vencer a dor? Não. Os únicos sentimentos que ele pode ter são: desamor, isolamento, indiferença, desimportância.
E ainda pior que tudo isso é que, eles não admitem que o doente aponte qualquer tipo de desconsideração. Ou seja, jamais jogar no ventilador. Eles precisam se manter sentindo que são o máximo em bondade, não podem sair de sua zona de conforto do ego construído sobre filosofias e práticas falsas, inóspitas, televisivas, livrescas, ritualísticas, e correrem o risco de terem sua imagem social de pessoas evoluídas e caridosas caírem por terra.
Cabe ao doente calar-se, aceitar o mínimo, dentro dos padrões oferecidos, mesmo que esse mínimo seja ficar jogado na cama sozinho, sem comida, sem remédio, porque aqueles que deveriam ou poderiam estar cuidando, têm suas vidas pra levar, como: ir à festinha de aniversário, não abandonar suas funções no centro espírita, fazer suas caminhadas, pegar um cineminha, assistir TV relaxadamente em sua poltrona reclinável e tirar um bom cochilo após o almoço, enquanto o seu amado, doente, controla o choro do desespero, da dor, do risco de suicídio ou auto-mutilação, para não atrapalhar a vida do outro.
E ainda tem que agradecer a estadia mesmo que nem uma cama lhe seja oferecida, bastando-lhe um pequeno sofá de dois lugares em que ele se encolhe piorando ainda mais suas dores. Isso porque é muito difícil e sacrificante, trocar um sofá velho por um novo mais adaptável às necessidades do momento. É um risco de que o doente se acostume com o bem estar e não saia mais da casa dos parentes. E ai dele que não aceite esta pequena guarida e prefira ficar em sua casa repousado numa cama descente. Aí mesmo que ajuda nenhuma terá, pois estará desfazendo, recusando, rejeitando o “amor” do colo familiar.
Claro, estou sendo injusta. De vez em quando levam um prato de comida, um almoço ajantarado, depois de satisfazerem suas atividades primordiais e, deixam a comida sobre a mesa para aquele que não consegue se levantar, esquente, monte o prato à sua escolha, coma satisfatoriamente o que não tem a menor vontade e depois ainda sem conseguir levantar, limpe a cozinha pra não ficar com cheiro de comida estragada. E lá se vão os ajudantes rapidamente, com muita pressa, pois têm muito o que fazer, está na hora da série de TV mais famosa da NET. Palavra? Nenhuma. Conversa? Nenhuma. Carinho? Ah, está de graça, né? Há a pressa em fugir do problema, em desfazer o tamanho do mesmo e a crença de que em duas horas você estará perfeito, para assim, não lhe dar mais trabalho.
Depois, o doente tem que limpar o vômito espalhado pela casa, pois não tem forças de chegar ao banheiro correndo. Obviamente, com toda a pressa e um descaso disfarçado, a comida não poderia lhe cair bem. Em breve lhe telefonarão sorridentes e crentes que estão abafando, perguntando: Melhorou com a comidinha que levei?
Bem, se isso é ajuda, preciso trocar de dicionário. O meu deve ser de séculos atrás e, os tempos mudaram, as famílias mudaram, o amor mudou, embora ainda continuem a falar do mesmo Jesus de mais de 2.000 anos atrás. Apenas meu dicionário é que não mudou.
Não queridos. Não vou me submeter. Não nesses termos. Pois é justamente esta submissão que mantém e aumenta a cada dia a quantidade de sociopatas, delinquentes, neuróticos e “seres humanos” indiferentes ao seu próximo, que se dizem tão bons amigos e amores, de coração aberto para tudo que se precisa para um mundo melhor.
Não me submeto a esta hipocrisia, pois se assim o fizer, simplesmente minha vida não terá valido um vintém, será um carma não superado, não terei mudado nada. E se assim for, nenhuma gota do meu sangue terá servido de algo para este mundo em evolução. E a minha morte, seja por velhice, doença física, mental, ou suicídio, significará absolutamente nada em termos de aprendizagem para as pessoas que vivem nesta hipocrisia.
Não me submeto porque não quero morrer de invalidação do meu próprio Ser. Qualquer um pode tentar me submeter. É um “direito” que têm, mas não é um direito meu fazer isso com minha alma. Portanto, eu grito: “Não deixem suas vidas passarem em vão. AMEM! Não façam somente o que podem. Façam o impossível por aqueles a quem dizem que amam. Qualquer coisa menos que isso é simplesmente nada!”.
Não me submeto, simplesmente porque os amo de todo meu Ser e, se nada fizer para impedir tal subjugação, serei somente NADA! Não desfarei da célula divina que existe em mim. Não tornarei Deus inexistente para compactuar com os ditames de uma sociedade doente. Estou doente fisicamente. Estou com a alma sofrida, mas jamais me submeterei a alguém pelo único poder que Deus colocou dentro de mim: o amor à vida.
Parem de ser covardes ambulantes que procuram os mais fracos para assim, impor sua importância como “Ser Humano”. A globalização é pura nulificação dos que sofrem realmente.
Não me submeto, pois os únicos submissos que realmente conheço são os hipócritas que agem como o dito acima. Submissos à covardia, à religião bitoladora, às falsas premissas do egocentrismo, da idade, do tamanho do salário, do grau de escolaridade ou do ridículo desenvolvimento espiritual em suas seitas absurdas.
Parem de ser Judas! Pois é exatamente isso que fazem quando soltam a voz revelando os ditames de uma “verdadeira” religião que nunca foi ensinada pelo verdadeiro Pai, enquanto fazem na prática, exatamente o contrário do que foi por Ele ensinado, quando fingem inconsequentemente estar seguindo o Espírito Santo e seu mandamento de: “Ama a teu próximo como a ti mesmo.”, pois nem sequer ainda aprenderam a se amarem.
Se amassem a si mesmos, veriam no próximo, o seu reflexo no espelho. Mas, vocês não querem nem se olhar, por que no fundo, bem no fundo, sabem que tudo que vivem não passa de pura ilusão do ego mascarado de Pierrot apaixonado. Aquele que quando acaba o carnaval, está tão embebedado que nem reconhece sua própria Colombina e muito menos lembra-se da juras de amor a ela oferecida.
Sim, porque promessas, todas essas pessoas fazem. E muitas. Mas, na primeira necessidade de seu mais próximo, apenas lembram do que tanto praticam: a mera submissão do outro ao seu doentio amor.
Eu, morro sozinha, mas não me submeto a esta loucura marginal. Quem quiser me ajudar, faça-o com dignidade. Digo que é algo difícil de aprender, mas possível de se viver. Basta encontrar a centelha divina dentro de você e, não somente nos livros e orações. Eu, já encontrei a minha. Não faço tanto bem aos outros, mas quando o faço, é de verdade e com pura dignidade de quem ama com o coração e não com a coação.
Parem de colocar Deus no meio do caminho de tudo e responsabiliza-lo pelo que vocês deveriam estar desempenhando. Não está nas mãos Dele. Está no nosso coração a tarefa de evoluir ao amor maior.
Tirem dos espíritos o excesso de trabalho, pois grande parte deste não são eles que têm que fazer, mas sim nós mesmos, com a tarefa mais simples que a vida nos proporcionou: AMOR!
Ah, não estou dizendo que sou boazinha nem melhor que vocês. Não frequento o Centro, a Igreja, orfanatos ou hospitais em busca de fazer caridade e sentir-me melhor como humano. Existe tarefa mais dura, difícil e verdadeira que é conseguir amar e ensinar amor aos que me são mais próximos.
Morrerei tentando, seja com abraço ou com berro. Me submeter a “ele é assim, não tem jeito, tem que aceitar.”, é desistir de Deus. É morrer em vida. É tornar inócua a energia divina que há em mim. E, se ele é assim até hoje, é simplesmente porque muitas das pessoas que passaram em sua vida, se submeteram e adoeceram pela submissão e desamor.
Portanto, não me calarei aos ditames da inconsequência. Não me submeterei ao poder de desumanizar. Vou ao Inferno sim, mas para tirá-los de lá e não, para manter-me com vocês nessa doença espiritual. Todos à volta sofrem doentes, cancerosos e, morrem pela mágoa e dor da submissão, rejeição, acusação de inferioridade e estresse da convivência difícil. E vocês não se dão conta disso. É preciso acordar para o mundo maior. E, se nos calarmos, eles nunca acordarão.
E ainda mais admirável é aquele que se submete sem precisar, sem ter qualquer dependência. Seria algum tipo de interesse velado? Ou alguém ainda mais alienado e hipócrita? O verdadeiro e mais profundamente louco para aguentar as agressões, ignorâncias, impedimentos, repreensões, etc? Aquele que prefere mentir, fazer escondido, se calar, relevar constantemente, apenas para não sofrer maior problema, discussão, inferiorização explícita e estresse. E, sem perceber, vai também ficando doente, cada vez mais doente e, com certeza, morrerá antes dos submissores.
Não acredito neste livre arbítrio de tirar do inferno apenas quem realmente se arrepende e pede ajuda. Deixá-los lá e cuidar apenas dos bons, que vão direto para a luz, é mais pura insanidade da hipocrisia religiosa, que não foi de maneira nenhuma ensinada por Deus, mas sim, postulada por Ser Humanos que preferem fazer o mais fácil: Ajudar a quem totalmente se submete!
No entanto, o que se vê na prática é que, menos de 1% até mesmo dos considerados aptos a Mestres, Pastores, Guias, Padres, etc, comportam-se como apontam suas escrituras. O uso e abuso do poder, mesmo que inconscientemente, prepondera nessas situações. E, vejo eu, em minha visão considerada radical por muitos, que tais pessoas, as que assim agem, não passam de doentes da emoção. Incapazes de se darem ao amor. Podem ser muito práticos, inteligentes, resolutivos e até abastados em suas doações materiais, mas no que se refere a fortalecer a alma do outro, são uma negação. Vivem na ideologia, sábios teóricos.
Aproveitam-se do momento de fraqueza e dor do outro, para sobrepujarem suas ordens, sentirem-se cada vez mais acima e até considerarem-se “Onipotentes”. Esta é a guerra da evolução, que não deixa de basear-se no puro Darwinismo competitivo: Vence e domina o que é mais forte. Quem tem saúde, dinheiro e trabalho, casa própria, família, etc.
É no momento de visualização dessas atitudes, que me sinto louca, desconexa e perdida em relação a tudo que aprendi como certo e bom. Principalmente quando o vejo acontecer dentro do reduto menor: a família.
Aqueles que mais deveriam amar ao seu mais próximo, se alienam, fingem não perceber as necessidades ou simplesmente são tão egocêntricos que nem se dão conta da morte ou desestruturação eminente à sua frente. Essa é a verdadeira e maior razão do enlouquecer de muitos, pois, são forçados a ultrapassarem o último limite de superação, enfrentando sozinhos a dor física e consequentemente a emocional, que com certeza é muito mais profunda e mata ainda mais.
E, não conseguindo “provar” sua capacidade de se reerguer sozinho, vários acabam no suicídio ou internação, já que não existe dor maior que a do abandono emocional, falta de apoio, abraço, carinho, o chorar junto, o conforto afetivo, pois quando não se pode fazer nada pela dor física, somente a doação de amor é capaz de fortalecer o necessitado.
E quando os ajudantes (ditos familiares e amigos) são questionados, ora bolas, as únicas respostas que se ouve são: “Estou fazendo o que eu posso.”. “Já faço demais, mais do que isso não dá.”. “Carinho? Existe maior carinho que sustentar, levar ao médico, comprar remédio e comida?”. “Eu já ajudo demais.”. “Está é de frescura.”. “Não tenho com fazer desaparecer a dor.”. “Você tem que reagir.”. “Além de tudo que faço ainda tenho que sofrer junto?”.
E daí se dá a verdadeira hipocrisia da caridade, porque obviamente ajudar ao mais distante, sem qualquer contato emocional, sem olho no olho, oferecendo um prato de sopa na madrugada e sair da rua de alma lavada porque fez algo de bom, como se tivesse salvado uma alma, sem sequer pensar em como será o dia seguinte daquela pessoa, isso é muito fácil. Até eu mesma, que não sou religiosa consigo fazer isso!
Ligar para o doente, praticamente exigindo que ele diga que está melhor, que está tudo bem, sem ao menos se dar ao trabalho de caminhar um quarteirão, mesmo que passando na porta dele, para uma visita, um apoio, um abraço, porque no fundo não quer ele sofrer, encarar e vivenciar a dor do outro, sublimando que tudo se resolverá com orações? E se o doente diz que não está melhor, que está mal, simplesmente finge não ouvir ou entender, e a única resposta é: “Tenha fé, reze, tudo vai passar.”. Ou ainda pior, o doente ainda recebe uma reação ignorante com gritos e exalação de culpa, pois não está sendo positivo, só reclama.
Mas, enquanto não passa a dor, o que faz o doente que vive sozinho, e não consegue mesmo que temporariamente, se levantar da cama nem mesmo para suas necessidades básicas como comer, ir até ao banheiro, raciocinar quais são os medicamentos que deve tomar, o que pode ser feito para aliviar a dor? E mais: como conviver e se curar se existe além da dor física, dores ainda maiores que são a solidão, a carência, o isolamento, o silêncio da impotência, a falta de aconchego e força daqueles que dizem que lhe amam?
E, ai do doente se reclamar de algo! Simplesmente é considerado egoísta, quer ser o centro das atenções, não pensa em mais ninguém, exagera. Nossa! Isso é a real subjugação. E ainda chamam isso de cooperação, preocupação (à distância, é claro), assistência?
E, sentindo que nem os pais, irmãos e parentes mais próximos querem se envolver e se doarem de verdade em busca da cura ou de um conforto suficiente para conviver o melhor possível com a doença, dá para esse paciente ser positivo, confiar, guerrear e vencer a dor? Não. Os únicos sentimentos que ele pode ter são: desamor, isolamento, indiferença, desimportância.
E ainda pior que tudo isso é que, eles não admitem que o doente aponte qualquer tipo de desconsideração. Ou seja, jamais jogar no ventilador. Eles precisam se manter sentindo que são o máximo em bondade, não podem sair de sua zona de conforto do ego construído sobre filosofias e práticas falsas, inóspitas, televisivas, livrescas, ritualísticas, e correrem o risco de terem sua imagem social de pessoas evoluídas e caridosas caírem por terra.
Cabe ao doente calar-se, aceitar o mínimo, dentro dos padrões oferecidos, mesmo que esse mínimo seja ficar jogado na cama sozinho, sem comida, sem remédio, porque aqueles que deveriam ou poderiam estar cuidando, têm suas vidas pra levar, como: ir à festinha de aniversário, não abandonar suas funções no centro espírita, fazer suas caminhadas, pegar um cineminha, assistir TV relaxadamente em sua poltrona reclinável e tirar um bom cochilo após o almoço, enquanto o seu amado, doente, controla o choro do desespero, da dor, do risco de suicídio ou auto-mutilação, para não atrapalhar a vida do outro.
E ainda tem que agradecer a estadia mesmo que nem uma cama lhe seja oferecida, bastando-lhe um pequeno sofá de dois lugares em que ele se encolhe piorando ainda mais suas dores. Isso porque é muito difícil e sacrificante, trocar um sofá velho por um novo mais adaptável às necessidades do momento. É um risco de que o doente se acostume com o bem estar e não saia mais da casa dos parentes. E ai dele que não aceite esta pequena guarida e prefira ficar em sua casa repousado numa cama descente. Aí mesmo que ajuda nenhuma terá, pois estará desfazendo, recusando, rejeitando o “amor” do colo familiar.
Claro, estou sendo injusta. De vez em quando levam um prato de comida, um almoço ajantarado, depois de satisfazerem suas atividades primordiais e, deixam a comida sobre a mesa para aquele que não consegue se levantar, esquente, monte o prato à sua escolha, coma satisfatoriamente o que não tem a menor vontade e depois ainda sem conseguir levantar, limpe a cozinha pra não ficar com cheiro de comida estragada. E lá se vão os ajudantes rapidamente, com muita pressa, pois têm muito o que fazer, está na hora da série de TV mais famosa da NET. Palavra? Nenhuma. Conversa? Nenhuma. Carinho? Ah, está de graça, né? Há a pressa em fugir do problema, em desfazer o tamanho do mesmo e a crença de que em duas horas você estará perfeito, para assim, não lhe dar mais trabalho.
Depois, o doente tem que limpar o vômito espalhado pela casa, pois não tem forças de chegar ao banheiro correndo. Obviamente, com toda a pressa e um descaso disfarçado, a comida não poderia lhe cair bem. Em breve lhe telefonarão sorridentes e crentes que estão abafando, perguntando: Melhorou com a comidinha que levei?
Bem, se isso é ajuda, preciso trocar de dicionário. O meu deve ser de séculos atrás e, os tempos mudaram, as famílias mudaram, o amor mudou, embora ainda continuem a falar do mesmo Jesus de mais de 2.000 anos atrás. Apenas meu dicionário é que não mudou.
Não queridos. Não vou me submeter. Não nesses termos. Pois é justamente esta submissão que mantém e aumenta a cada dia a quantidade de sociopatas, delinquentes, neuróticos e “seres humanos” indiferentes ao seu próximo, que se dizem tão bons amigos e amores, de coração aberto para tudo que se precisa para um mundo melhor.
Não me submeto a esta hipocrisia, pois se assim o fizer, simplesmente minha vida não terá valido um vintém, será um carma não superado, não terei mudado nada. E se assim for, nenhuma gota do meu sangue terá servido de algo para este mundo em evolução. E a minha morte, seja por velhice, doença física, mental, ou suicídio, significará absolutamente nada em termos de aprendizagem para as pessoas que vivem nesta hipocrisia.
Não me submeto porque não quero morrer de invalidação do meu próprio Ser. Qualquer um pode tentar me submeter. É um “direito” que têm, mas não é um direito meu fazer isso com minha alma. Portanto, eu grito: “Não deixem suas vidas passarem em vão. AMEM! Não façam somente o que podem. Façam o impossível por aqueles a quem dizem que amam. Qualquer coisa menos que isso é simplesmente nada!”.
Não me submeto, simplesmente porque os amo de todo meu Ser e, se nada fizer para impedir tal subjugação, serei somente NADA! Não desfarei da célula divina que existe em mim. Não tornarei Deus inexistente para compactuar com os ditames de uma sociedade doente. Estou doente fisicamente. Estou com a alma sofrida, mas jamais me submeterei a alguém pelo único poder que Deus colocou dentro de mim: o amor à vida.
Parem de ser covardes ambulantes que procuram os mais fracos para assim, impor sua importância como “Ser Humano”. A globalização é pura nulificação dos que sofrem realmente.
Não me submeto, pois os únicos submissos que realmente conheço são os hipócritas que agem como o dito acima. Submissos à covardia, à religião bitoladora, às falsas premissas do egocentrismo, da idade, do tamanho do salário, do grau de escolaridade ou do ridículo desenvolvimento espiritual em suas seitas absurdas.
Parem de ser Judas! Pois é exatamente isso que fazem quando soltam a voz revelando os ditames de uma “verdadeira” religião que nunca foi ensinada pelo verdadeiro Pai, enquanto fazem na prática, exatamente o contrário do que foi por Ele ensinado, quando fingem inconsequentemente estar seguindo o Espírito Santo e seu mandamento de: “Ama a teu próximo como a ti mesmo.”, pois nem sequer ainda aprenderam a se amarem.
Se amassem a si mesmos, veriam no próximo, o seu reflexo no espelho. Mas, vocês não querem nem se olhar, por que no fundo, bem no fundo, sabem que tudo que vivem não passa de pura ilusão do ego mascarado de Pierrot apaixonado. Aquele que quando acaba o carnaval, está tão embebedado que nem reconhece sua própria Colombina e muito menos lembra-se da juras de amor a ela oferecida.
Sim, porque promessas, todas essas pessoas fazem. E muitas. Mas, na primeira necessidade de seu mais próximo, apenas lembram do que tanto praticam: a mera submissão do outro ao seu doentio amor.
Eu, morro sozinha, mas não me submeto a esta loucura marginal. Quem quiser me ajudar, faça-o com dignidade. Digo que é algo difícil de aprender, mas possível de se viver. Basta encontrar a centelha divina dentro de você e, não somente nos livros e orações. Eu, já encontrei a minha. Não faço tanto bem aos outros, mas quando o faço, é de verdade e com pura dignidade de quem ama com o coração e não com a coação.
Parem de colocar Deus no meio do caminho de tudo e responsabiliza-lo pelo que vocês deveriam estar desempenhando. Não está nas mãos Dele. Está no nosso coração a tarefa de evoluir ao amor maior.
Tirem dos espíritos o excesso de trabalho, pois grande parte deste não são eles que têm que fazer, mas sim nós mesmos, com a tarefa mais simples que a vida nos proporcionou: AMOR!
Ah, não estou dizendo que sou boazinha nem melhor que vocês. Não frequento o Centro, a Igreja, orfanatos ou hospitais em busca de fazer caridade e sentir-me melhor como humano. Existe tarefa mais dura, difícil e verdadeira que é conseguir amar e ensinar amor aos que me são mais próximos.
Morrerei tentando, seja com abraço ou com berro. Me submeter a “ele é assim, não tem jeito, tem que aceitar.”, é desistir de Deus. É morrer em vida. É tornar inócua a energia divina que há em mim. E, se ele é assim até hoje, é simplesmente porque muitas das pessoas que passaram em sua vida, se submeteram e adoeceram pela submissão e desamor.
Portanto, não me calarei aos ditames da inconsequência. Não me submeterei ao poder de desumanizar. Vou ao Inferno sim, mas para tirá-los de lá e não, para manter-me com vocês nessa doença espiritual. Todos à volta sofrem doentes, cancerosos e, morrem pela mágoa e dor da submissão, rejeição, acusação de inferioridade e estresse da convivência difícil. E vocês não se dão conta disso. É preciso acordar para o mundo maior. E, se nos calarmos, eles nunca acordarão.
E ainda mais admirável é aquele que se submete sem precisar, sem ter qualquer dependência. Seria algum tipo de interesse velado? Ou alguém ainda mais alienado e hipócrita? O verdadeiro e mais profundamente louco para aguentar as agressões, ignorâncias, impedimentos, repreensões, etc? Aquele que prefere mentir, fazer escondido, se calar, relevar constantemente, apenas para não sofrer maior problema, discussão, inferiorização explícita e estresse. E, sem perceber, vai também ficando doente, cada vez mais doente e, com certeza, morrerá antes dos submissores.
Não acredito neste livre arbítrio de tirar do inferno apenas quem realmente se arrepende e pede ajuda. Deixá-los lá e cuidar apenas dos bons, que vão direto para a luz, é mais pura insanidade da hipocrisia religiosa, que não foi de maneira nenhuma ensinada por Deus, mas sim, postulada por Ser Humanos que preferem fazer o mais fácil: Ajudar a quem totalmente se submete!
“Os responsáveis pela existência do inferno, são vocês mesmos."
Fonte: http://www.becodospoetas.com.br/profiles/blog/show?id=2169003%3ABlogPost%3A158795&xgs=1&xg_source=msg_share_postMegLon por Sônia Maria
Concordando com a análise, do uso da religiosidade para submeter pessoas, força´-las a adeir a algo por opressão, sem manifestar amor genuíno e em tornar-se um ser mais humano e solidário,sem protecionismo.Como bahái temos esta visão .Lideranças religiosas humanas, mujtas tem se tornado fontes de desalentoto e julgamento., fragilidade o eu... Necessitamos de uma prática em que as ações sejam o reflexo dos ensinamentos..No entanto são os Ensinamentos e as Escrituras que saboreados pela alma qu podem realmente aliviar, confortar, fortalecer e dar esperança. O que vemos por aí é uma religiosidade estática, e não uma espiritualidade se processando usando as potencialidades internas para sobrepujarmos o ego e fortalecermos o eu. um abraço . Obrigada. Vou tentar postar no Blog -Ternura de Deus e,colocar no Facebook para amigos.
Sônia
Nota do Blog por Telma
Sônia muito obrigada por me enviar o link, concordo plenamente com o que é dito pela Marcia, cadum cadum, ou seja, cada qual faz o seu inferno. Passarei assim que eu puder no blog da Márcia para deixar meu recado lá tb.
Agora relendo o texto, tenho a mais absoluta certeza que a Márcia escreveu tudo que eu penso, sinto e estava pensando como iniciar uma série de texto sobre o assunto. Ela escreveu tudo em um texto só e forma mais clara, impossivel existir!
Quem me conhece sabe que sempre apoiei os doentes em suas reclamações e jamais usei o otimismo como desculpa para omissão, e é claro que poucos entendem meu realismo e chegam a confundir com pessimismo, por pura falta da pratica do amor verdadeiro em suas vidas.
E o bem estar do paciente deve vir em primeiro lugar. Antes de religiosidade, o amor a vida humana deveria ser a pratica comum ao ser humano, pois se assim fosse, ninguém precisaria de religião alguma, já teriam o amor ao próximo pleno em suas vidas, sem nem perceberem...
Da forma que a sociedade está, tenho medo de expressar amor pelas pessoas, poucos sabem recebê-lo e devolvê-lo da mesma forma. Os interesses financeiros sempre estão em primeiro lugar, e eu me recuso a submeter-me!
E voce leitor, se submeterá?
Beijos
Telma