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quarta-feira, 30 de junho de 2010

Esclarecimento e retração dos pesquisadores sobre a publicação na Folha de São Paulo "Hepatite C é ligada a jovens que fazem sexo com muitas pessoas"


Foi uma luta, mas após uma serie de e-mails foi devidamente esclarecido que a hepatite C não pode nem deve ser considerada de transmissão sexual.

Após alertar sobre o absurdo divulgado a toda nossa rede de associados (28.500) o Grupo Otimismo recebeu inúmeros e-mails, de portadores e em especial de muitos médicos e pesquisadores, todos solidários com nosso protesto.  Muitos deles colocaram o mesmo texto nas suas redes de relacionamento, tomando assim um alcance fantástico

Ao mesmo tempo trocamos uma serie de e-mails (reconheço que alguns em tons elevados pelos quais me desculpo publicamente), com o pesquisador Paolo Zanotto, resultando num encontro de opiniões muito produtivo.

Ao mesmo tempo a Sociedade Brasileira de Hepatologia se mobilizou rapidamente escrevendo a Folha de São Paulo (texto abaixo) e divulgaram o assunto a todos seus associados.  Uma pesquisadora do Grupo de Apoio aos Portadores de Hepatite C MegLon, de Londrina, Paraná, também trocou importantes e-mails com os pesquisadores.

O assunto foi crescendo a tal ponto que até mensagens no Twitter começaram a aparecer chamando de “safadinhos” e outros pejorativos discriminatórios os infectados com hepatite C, comprovando o prejuízo que a matéria do jornal estava provocando.

Com toda a pressão, os pesquisadores reconsideraram a forma como a pesquisa foi divulgada e colocaram no Blog de um deles, o Dr. Atila Iamarino o reconhecimento do erro cometido. Agradecemos a humildade de reconhecer o erro cometido. O Blog pode ser lido em http://scienceblogs.com.br/rainha/

O que podemos aprender com o acontecido?  É inevitavel o prejuizo enorme que tal divulgação vai causar no estigma e discriminação aos infectados com hepatite C.  A culpa até pode ser atribuida ao jornal, mas tentar uma reparação com outra materia é coisa praticamente impossivel de acontecer.  Não resta nada mais a ser feito a não ser continuar lutando para devagar ir informando corretamente sobre as hepatites. 

O Grupo Otimismo, tal qual o fez nos seus 13 anos de existencia, continuará atuando de forma aberta e independente em defesa dos infectados, lutando e denunciando quem quer que seja, pois lutamos por um ideal, sem interesses de agradar quem quer que seja.

O ministerio da saúde, lamentavelmente, não moveu uma palha, não se manifestou em absoluto.  Nem parece que existe um programa nacional, o qual deveria defender os portadores.  Deveriam corrigir o erro realizando imediatamente uma campanha informativa sobre a hepatite C, independente da campanha do dia mundial, mas será que existe interesse em alertar sobre a doença?

Finalizando, agradeço de coração ao Grupo MegLon (desconheço o envolvimento de alguma outra ONG) e especialmente a Sociedade Brasileira de Hepatologia, alem dos anonimos infectados, médicos e pesquisadores que se mobilizaram para esclarecer o assunto defendendo os infectados.

Carlos Varaldo
Grupo Otimismo

Segue a carta da Sociedade Brasileira de Hepatologia:

Ao
Jornal Folha de São Paulo e demais órgãos da imprensa

Recentemente, uma reportagem acerca da transmissão sexual da Hepatite C gerou grandes questionamentos por parte de pacientes e familiares.

A Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH) esclarece:

A hepatite C não pode ser considerada uma doença sexualmente transmissível (DST) a luz dos conhecimentos científicos atuais.

Vários trabalhos publicados em revistas médicas de reconhecido rigor científico não confirmam a transmissão sexual da hepatite C como um fator importante.

Os trabalhos que lidam com este assunto podem ter fatores de confundimento que repercutem na clareza das conclusões.

Até o presente momento, a Sociedade Européia e Americana para Estudos das doenças do Fígado, assim como a SBH não reconhecem a Hepatite C como DST.

O sexo seguro deve ser praticado por todos, independente da suspeita do parceiro ter ou não ter hepatite C, sobretudo entre parceiros não-fixos.

Raymundo Paraná
Presidente da SBH
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Gostariamos de agradecer ao nosso querido Carlos Varaldo pelos elogios e dizer que não fomos só nós do grupo MegLon quem participamos da ação. Devemos citar o Grupo Hércules Transplantes de Santa Catarina, a nossa querida Ana Barcelos, o Tibiriça Rosa, a Sonia Maria e todas as moçoilas que participam da comunidade do orkut.  Agradecemos em publico a Sociedade Brasileira de Hepatologia pelo rápida interferencia no caso citado acima. Como sempre nosso muito obrigada a todos vcs.

Isso sim foi uma ação de união em favor dos portadores de Hepatites Virais, nesse caso a Hepatite C!

Um enorme beijo a todos vcs.
Telma Alcazar
Coordenadora do Grupo MegLon


"O amor é uma luz que não habita no coração dominado pelo medo"