Um grupo de cientistas do Canadá descobriu como fazer sangue a partir da pele. Os pesquisadores conseguiram converter fibroblastos humanos diretamente em geradores de sangue, sem a necessidade de que as células passem por um estágio pluripotente (de diferenciação para um tecido).
A novidade foi descrita em artigo publicado neste domingo (7/11) no site da revista Nature.
A capacidade de reprogramar células em um estado pluripotente tem sido limitada pela falta de compreensão do processo por meio do qual essas células se especializam.
Mickie Bhatia e colegas da Universidade McMaster usaram o fator de transcrição OCT4 junto com um tratamento específico com citocinas (proteínas ou peptídeos que podem ser produzidos por diversas células) para gerar, em laboratório, progenitores capazes de dar origem a uma ampla gama de células sanguíneas maduras.
As células foram derivadas diretamente de fibroblastos de tecido conjuntivo, sem que primeiramente ocorresse a pluripotência. Ou seja, foi possível obter sangue a partir da pele sem precisar do estágio intermediário de produzir células pluripotentes a partir de células-tronco da pele.
Segundo os autores, a conquista poderá levar ao desenvolvimento de fontes de células para aplicações clínicas. No futuro, pacientes que precisem de sangue para cirurgia, tratamento de câncer, anemia ou outra condição poderão ser capazes de ter o sangue criado a partir de células de sua própria pele. O grupo estima começar testes clínicos a partir de 2012.
“Mostramos que o processo funciona com o uso da pele humana e agora queremos melhorar o processo. Pretendemos começar a trabalhar no desenvolvimento de outros tipos de células humanas a partir da pele”, disse Bhatia.
Segundo o cientista, o método foi testado por diversas vezes nos últimos dois anos, com pele de pessoas jovens, adultas e idosas, demonstrando que funciona para qualquer idade.