A verdade sobre a Saúde no Brasil
Estamos em época pós-eleitoral. As promessas para agradar a 45% da população que manifestou a sua preocupação são mirabolantes, inconsistentes, falsas em sua maioria.
Não será construindo hospitais, utilizando a tecnologia atual para diagnóstico e terapêutica, ou revisando o sistema SUS, ou ampliando o atendimento pela Medicina Suplementar, ou ainda apenas aumentando orçamentos que a solução para a Saúde será encontrada.
O que é preciso é criar um novo modelo de assistência médica.
Este modelo terá que incluir a participação da população que basicamente será responsável pela sua execução, desde a utilização adequada do sistema, seu controle de qualidade e participação nos custos, segundo as possibilidades individuais, uma medida que nenhum político tem a coragem de admitir.
Na verdade quem é o único interessado na sua saúde, claramente o indivíduo, ninguém mais. A simples mudança de formas de pagamento não resolverá o problema: free for service, captação, por desempenho, AIH reformulada, poupança saúde, etc.. O problema começa nas escolas: profissionais malformados, falta de vagas para residência médica, direção vocacional insatisfatória.
A saúde é o bem maior do cidadão, sem ela não há qualidade de vida. Prevenir é a melhor forma de tratar as doenças, a prevenção das doenças cardíacas, das decorrentes da obesidade, das consequências do diabete, e tantas outras são decisivas. Com a longevidade não há projeto de saúde, com o aumento da idade populacional os custos serão insustentáveis.
Para o barateamento dos custos da saúde, os profissionais da área terão que ser remunerados segundo a sua capacidade para que seus honorários sejam justos, para que não se procure complementação via participação financeira, seja em materiais de alto custo, seja na solicitação de exames, para que a decisão de uma intervenção ou tratamento seja o de interesse exclusivo dos pacientes.
Construir novos hospitais, sobretudo os públicos, é ótimo para inaugurações, mas tem prazo certo de inviabilidade e neste caso o sistema salarial impede a contratação de profissionais experientes, qualificados. Dizer que os postos de saúde nos próximos governos serão resolutivos é falácia pura. Preencher os hospitais com equipamentos de alta tecnologia será nada resolutivo, pois faltarão os profissionais.
Se medidas, como as enunciadas, não forem entendidas, devemos esperar a próxima eleição que novas soluções serão propostas.
Certamente que algumas propostas existem, como emenda 29, paralisada no Congresso, que se efetivada aumentará o orçamento, mas que sozinha não alterará o sistema, embora necessária. As coisas são simples: economizar para remunerar melhor os profissionais e entidades prestadoras de serviço, controle de utilização e de qualidade pelos próprios pacientes e mudança de cultura dos profissionais, com a sua seleção desde os bancos universitários. Medicina é isso, é vocação para uma profissão em quem se defende o bem máximo, a saúde.
Dr. Marcial Carlos Ribeiro
Comendador da Ordem do Médico Nacional pela Presidência da República.
Instituidor da FUNEF.
Ex-Presidente da SBH.
Este artigo foi escrito em novembro de 2010, na eleição anterior. Mudou porque a aplicação da Emenda 29 foi aprovada, sem as implicações de que dela se esperava, e que não vai resolver o problema do financiamento do SUS. As coisas se repetem..., inclusive a corrupção graça...
http://www.hospitalsaovicente.com.br/viewpublish.aspx?Id=57&CodEmp=2