( By Marco Sobreira )
Os burocratas encastelados em seus gabinetes com ar condicionado no Ministério da Saúde nos enchem de normas, projetos, planos e metas a serem cumpridas no atendimento da população. Com raras exceções não têm a visão do País como um todo, não conhecem a realidade do interior, não sabem a dificuldade de acesso aos serviços de saúde. Desconhecem o nível dos profissionais, a falta de recurso dos municípios, a omissão dos Governos Estaduais e não brigam pelo reajuste das verbas federais.
O critério de repasse aos municípios baseados no número de consultas por habitante/ano, variando de acordo com a faixa etária, mas não fugindo da média de 2 a 3 cons/há/ano é totalmente equivocada e ultrapassada, não conseguindo abranger as necessidades dos dias atuais. O mundo evoluiu, a medicina avançou, principalmente nos métodos de diagnóstico, mas o Governo continua parado no tempo. De que adiantam aparelhos sofisticados, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, se falta dinheiro até para exames laboratoriais? “É como comprar um carro top de linha e não ter grana para abastecer”
Quero fazer um alerta sobre um tipo de atendimento indispensável e que corre o risco de em pouco tempo se tornar inviável, refiro-me aos Pronto Atendimento Municipais e Pronto-Socorro dos pequenos hospitais do interior. De nada adianta o Programa de Saúde da Família, ambulatórios de especialidades, prédios suntuosos, se na hora que o paciente precisa de socorro imediato não encontrar o médico de plantão, e acreditem, esse tipo de profissional, o plantonista, tende a desaparecer nos pequenos municípios, ou porque não são valorizados corretamente ou por absoluta condição digna de trabalho.
Uma coisa é o médico estar de plantão num grande hospital, com equipe multidisciplinar, especialistas de sobreaviso, centro de tratamento intensivo se necessitar, outra é enfrentar um plantão sozinho, apenas com um enfermeiro, 2 técnicos de enfermagem, sem exames imediatos e rx na maioria deles. Ultrassonografia, tomografia computadorizada, hoje rotina nos grandes centros, nem pensar, e o que é pior, sem um sistema confiável de referência e contra-referência.
Imaginem o caso: Paciente de 65 é atendido no Pronto Atendimento com crise hipertensiva, hemiplegia à esquerda ( lado esquerdo paralisado ) dificuldade para falar, desorientado, tudo indicando um AVE ( acidente vascular encefálico ) que pode ser isquêmico ou hemorrágico em curso. Após o primeiro atendimento, o plantonista estabiliza o paciente mas sente necessidade de transferi-lo para um hospital de maior suporte, pois se evoluir mal poderá depender de Unidade de Tratamento Intensivo.
Aí começa o martírio, está a 80 quilometros do hospital de referência, conforme determina o protocolo, liga para o colega do outro hospital, relata o caso, a necessidade de remoção e recebe em 90 % dos casos a resposta “NÃO TEMOS VAGA”. O que fazer? Ligar para a Central de Vagas é a orientação, acontece que essas centrais não funcionam por absoluta incompetência e falta de vontade política, no papel é uma beleza, mas na realidade, os hospitais filantrópicos sonegam vagas porque esse tipo de paciente só da prejuízo, o que o SUS paga não cobre sequer a diária hospitalar. Já tive casos que, quando ligaram ofertando a vaga o paciente já tinha sido enterrado, acreditem é a nossa realidade.
Voltemos ao nosso caso, paciente com AVE em evolução, o plantonista tem dois caminhos a seguir, ficar com o paciente correndo o risco de perdê-lo ou fazer a guia de referência, botar na ambulância e mandá-lo mesmo sabendo que pode ser denunciado ao CRM por encaminhar paciente sem vaga garantida. O que você faria? No meu caso, na maioria das vezes tenho amigos em todos esses hospitais e não tenho tantos problemas, mas essa não é a realidade do Brasil. Quero lembrar que os Pronto Atendimentos Municipais e Pronto-Socorros dos pequenos hospitais são responsáveis pelo socorro imediato de milhares de brasileiros por esse País afora e é preciso uma atenção especial com esse serviço que é essencial, até mesmo para desafogar os grandes hospitais.
Para encerrar, quero prestar minha solidariedade a esses milhares de médicos, verdadeiros heróis, que a despeito de trabalharem em péssimas condições, serem mal remunerados, colocarem sua própria segurança em risco, não se intimidam e não se omitem do dever de salvar ou tentar salvar a vida daqueles que dependem desse tipo de atendimento e faço um apelo para que lutem pela melhoria do seu local de trabalho, cobrem o que determina o CRM, máximo de 40 pacientes por 12 horas de plantão. Chega de carregar a saúde nas costas, enquanto os prefeitos gastam milhões com obras de menor importância, na maioria das vezes de caráter eleitoreiro na melhor das hipóteses, É preciso lutar por mais dignidade para quem atende e para quem é atendido.
O critério de repasse aos municípios baseados no número de consultas por habitante/ano, variando de acordo com a faixa etária, mas não fugindo da média de 2 a 3 cons/há/ano é totalmente equivocada e ultrapassada, não conseguindo abranger as necessidades dos dias atuais. O mundo evoluiu, a medicina avançou, principalmente nos métodos de diagnóstico, mas o Governo continua parado no tempo. De que adiantam aparelhos sofisticados, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética, se falta dinheiro até para exames laboratoriais? “É como comprar um carro top de linha e não ter grana para abastecer”
Quero fazer um alerta sobre um tipo de atendimento indispensável e que corre o risco de em pouco tempo se tornar inviável, refiro-me aos Pronto Atendimento Municipais e Pronto-Socorro dos pequenos hospitais do interior. De nada adianta o Programa de Saúde da Família, ambulatórios de especialidades, prédios suntuosos, se na hora que o paciente precisa de socorro imediato não encontrar o médico de plantão, e acreditem, esse tipo de profissional, o plantonista, tende a desaparecer nos pequenos municípios, ou porque não são valorizados corretamente ou por absoluta condição digna de trabalho.
Uma coisa é o médico estar de plantão num grande hospital, com equipe multidisciplinar, especialistas de sobreaviso, centro de tratamento intensivo se necessitar, outra é enfrentar um plantão sozinho, apenas com um enfermeiro, 2 técnicos de enfermagem, sem exames imediatos e rx na maioria deles. Ultrassonografia, tomografia computadorizada, hoje rotina nos grandes centros, nem pensar, e o que é pior, sem um sistema confiável de referência e contra-referência.
Imaginem o caso: Paciente de 65 é atendido no Pronto Atendimento com crise hipertensiva, hemiplegia à esquerda ( lado esquerdo paralisado ) dificuldade para falar, desorientado, tudo indicando um AVE ( acidente vascular encefálico ) que pode ser isquêmico ou hemorrágico em curso. Após o primeiro atendimento, o plantonista estabiliza o paciente mas sente necessidade de transferi-lo para um hospital de maior suporte, pois se evoluir mal poderá depender de Unidade de Tratamento Intensivo.
Aí começa o martírio, está a 80 quilometros do hospital de referência, conforme determina o protocolo, liga para o colega do outro hospital, relata o caso, a necessidade de remoção e recebe em 90 % dos casos a resposta “NÃO TEMOS VAGA”. O que fazer? Ligar para a Central de Vagas é a orientação, acontece que essas centrais não funcionam por absoluta incompetência e falta de vontade política, no papel é uma beleza, mas na realidade, os hospitais filantrópicos sonegam vagas porque esse tipo de paciente só da prejuízo, o que o SUS paga não cobre sequer a diária hospitalar. Já tive casos que, quando ligaram ofertando a vaga o paciente já tinha sido enterrado, acreditem é a nossa realidade.
Voltemos ao nosso caso, paciente com AVE em evolução, o plantonista tem dois caminhos a seguir, ficar com o paciente correndo o risco de perdê-lo ou fazer a guia de referência, botar na ambulância e mandá-lo mesmo sabendo que pode ser denunciado ao CRM por encaminhar paciente sem vaga garantida. O que você faria? No meu caso, na maioria das vezes tenho amigos em todos esses hospitais e não tenho tantos problemas, mas essa não é a realidade do Brasil. Quero lembrar que os Pronto Atendimentos Municipais e Pronto-Socorros dos pequenos hospitais são responsáveis pelo socorro imediato de milhares de brasileiros por esse País afora e é preciso uma atenção especial com esse serviço que é essencial, até mesmo para desafogar os grandes hospitais.
Para encerrar, quero prestar minha solidariedade a esses milhares de médicos, verdadeiros heróis, que a despeito de trabalharem em péssimas condições, serem mal remunerados, colocarem sua própria segurança em risco, não se intimidam e não se omitem do dever de salvar ou tentar salvar a vida daqueles que dependem desse tipo de atendimento e faço um apelo para que lutem pela melhoria do seu local de trabalho, cobrem o que determina o CRM, máximo de 40 pacientes por 12 horas de plantão. Chega de carregar a saúde nas costas, enquanto os prefeitos gastam milhões com obras de menor importância, na maioria das vezes de caráter eleitoreiro na melhor das hipóteses, É preciso lutar por mais dignidade para quem atende e para quem é atendido.
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