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terça-feira, 27 de julho de 2010

PERSPECTIVAS DE APLICAçãO DA GENôMICA NAS HEPATITES VIRAIS



Os recentes avanços na genética aplicada têm propiciado uma melhor compreensão sobre as interações fisiopatogênicas entre o meio ambiente, os agentes infecciosos e os seres humanos, de modo a individualizar o prognóstico de doenças complexas e personalizar o tratamento.
O estudo das variações genômicas e de suas conseqüências fenotípicas constitui a base das áreas do conhecimento conhecidas coletivamente como “OMICs”, que se refere ao estudo abrangente de um processo biológico em um determinado sistema, seja ela uma célula, um órgão ou um organismo.
A tecnologia genômica faz o mapeamento e análise da totalidade da sequênica de DNA (genoma), incluindo o estudo faz interações entre loci e alelos.
A tecnologia transcritômica faz a análise estrutural e funcional da totalidade das proteínas (proteoma) incluindo as moléculas de RNA mensageiro (mRNA), RNA ribossômico (rRNA), RNA RNA transportador (tRNA) e RNA não codificante (ncRNA).
O desenvolvimento das novas tecnologias “OMICs” têm propiciado a descrição de achados altamente significativos, com grande potencial de modificação da abordagem dos portadores de hepatites virais B e C.
Algumas das possíveis aplicações futuras destes novos conhecimentos são listados abaixo:
-Prevenção da evolução para cronicidade: nas infecções agudas pelos vírus HBV ou HCV, com a identificação dos pacientes com maior risco de evolução para infecção crônica, novas estratégias terapêuticas poderão ser usadas;
-Identificação não invasiva de fibrose hepática: o achado de padrões distintos de expressão gênica poderá orientar o desenvolvimento de novos marcadores séricos não invasivos de fibrose hepática significativa/avançada (interação com a Proteômica);
-Prevenção e tratamento da cirrose hepática e de suas complicações: o reconhecimento de assinaturas genéticas específicas poderá identificar os indivíduos com risco aumentado de evolução para cirrose hepática/carcinoma hepatocelular, os quais poderão ser beneficiados com tratamento/rastreamento mais precoce e intensivo. Da mesma forma, espera-se o desenvolvimento de métodos diagnósticos mais acurados para o rastreamento do carcinoma hepatocelular;
-Desenvolvimento de novos fármacos: o conhecimento dos mecanismos intrínsecos envolvidos na fibrogênese, na oncogênese e na resposta antiviral permitirá o desenvolvimento de novos fármacos antifibróticos, antineoplásicos e antivirais, com sítios de ação específicos que possivelmente resultarão em maior eficácia e menos efeitos colaterais;
-Tratamento antiviral personalizado (farmacogenômica):a definição de assinaturas genéticas preditivas de RVS (Resposta Viral Sustentada) e de não resposta à terapia antiviral permitirá a identificação de pacientes que necessitarão de esquemas terapêuticos mais ou menos intensos (doses dos fármacos; adaptação da duração da terapia; necessidade ou não de adição de agentes antivirais diretos, como o telaprevir e boceprevir).
 
Fonte:  Portal das Hepatites
Carvalho-Filho, R.J. Aplicações da Genômica na Abordagem das Hepatites Virais.Moderna Hepatologia.2010;36(1):23-7.

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