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domingo, 13 de junho de 2010

Competência e a Incompetencia dos Profissionais de Saúde

Hoje quero escrever sobre o SUS – Sistema Único de Saúde Publica no Brasil, algum tempo atrás andaram tentando eleger o SUS como patrimônio da humanidade. A principio eu achei uma ótima idéia para garantirmos o direito dos cidadãos que pagam seus impostos cruelmente. Cruel? Sim, pois nossa carga tributária é uma das maiores do mundo se não for a maior. Entretanto, a idéia a meu ver cai por terra quando o Estado oferece algum tipo de serviço aos seus cidadãos. Pois nada é gratuito nesse país dos impostos cruéis e corrupção deslavada.
Por tudo, e pelos princípios de igualdade e equidade, é necessário que o cidadão comum; o carpinteiro, o desempregado, o cidadão no limite da miséria, até abaixo ou acima dela, saibam que todos possuem o mesmo direito de utilizar os serviços do SUS e serem tratados como seres humanos, sem diferença alguma.

Mas não é isso que estamos vendo e vivendo na maior parte do Brasil. Há conflitos de interesses nas indicações de cargos de chefia, politicagem pura. Há falta de humanização nos atendimentos por funcionários mal capacitados e de má índole, sem comprometimento com o ser humano.
Há também os casos dos funcionários concursados, que querem garantir a estabilidade no emprego ofertada pelos poderes públicos do Brasil, mesmo sendo péssimo profissional de saúde. E há também de se falar que sobre a falta do cumprimento da carga horária com anuência das chefias que fazem o mesmo. Em Londrina, por exemplo, no período da tarde nenhum órgão da saúde pública funciona corretamente. E pelo que tenho visto em Curitiba também é igual.

Falo por Londrina e Curitiba, mas acredito que no restante do estado do Paraná não esteja muito diferente. Falo daqui porque é onde eu e os portadores de Hepatites Virais utilizamos o atendimento do SUS. Invariavelmente não há médicos para o atendimento nos postos de saúde e quando há o médico pode simplesmente desmarcar as consultas que são agendadas com meses de antecedência e na hora H, o médico simplesmente não vai trabalhar e você é obrigada a ficar doente em casa. E aí aparecem as receitinhas caseiras que só agravam os casos de saúde.


Tenho diversos casos alarmantes de diagnóstico errados, vou citar apenas três graves:

O primeiro é de uma moça que se infectou com HIV em 2009 e como não é profissional do sexo, tão pouco homossexual os chamados “grupos de risco”, essa teve diagnóstico de Dengue, foi tratada com medicações contra dengue. E não morreu porque seus anticorpos reagiram, apesar do diagnóstico, atendimento e medicações erradas.
Se ela foi notificada, será que ela foi notificada como Dengue ou HIV+?

Outro caso bastante conhecido, foi o de um rapaz em Maringá, agora em 2010, que estava com dengue e foi diagnosticado com a gripe A H1N1 e acabou por falecer porque foi medicado errado também. Como será que ele foi notificado e será que foi notificado o caso? Ou em seu obituário consta mortes por causa desconhecida?

Meu caso de hepatite C, levei mais de 30 anos para ser diagnosticada, mesmo fazendo check-ups regulares e com reclamações como sensação de febres, cansaço, fadiga e dores no hipocôndrio direito. Fui diagnosticada apenas quando já apresentava sérias hemorragias, fadiga crônica, e as dores agora eram no hipocôndrio esquerdo, aranhas vasculares, eritema palmares, sintomas claros da cirrose hepática, levaram mais de 30 anos para me diagnosticar corretamente. O que me levou para a Fila de Transplantes Hepático. Estou nela aguardando... Estou esperando sentada, vamos ver o que irá acontecer.

Além da falta de médicos, os médicos que ainda atendem, chegam no seu consultório, mandam os pacientes formarem um fila e em meia hora atendem todos os pacientes que ali esperam ansiosos pela ajuda médica, e com base no achômetro. Mal atendem esses pacientes e vão embora, abandonando sua função sem cumprir a carga horária para qual foi contratado.

Outro ponto interessante: não sei se é preguiça de pedir exames, e ter que atender novamente o mesmo doente, ou se são instruídos a não pedirem os exames para economia das verbas municipais e estaduais que não destinam os 12% do orçamento que deveriam ser destinados a área de Saúde Publica. Os médicos do SUS não prescrevem exames o que leva as situações como demonstradas acima, o caso da moça do HIV+ e o rapaz que pagou com sua própria vida por falta de um simples exame.

Chegamos ao cúmulo do absurdo de funcionários do SUS colocarem a culpa no paciente, fácil não é? Qual dos dois é pago e treinado? O paciente ou o funcionário que deveria saber lidar com as situações? Afinal o funcionário é capacitado ou pelo menos deveria sê-lo, pois viaja a custas do erário público para cursos e mais cursos para tais capacitações. Ou será que eles aproveitam para conhecer a cidades e deixam o curso de capacitação de lado, vai saber o comportamento de cada um deles não é?

Fica aqui minha indignação ao que se chama SUS - Sistema Unico de Saúde, e por isso não defendo mais o SUS, e até que me provem o contrário, sou a favor de diminuírem a carga tributária e privatizar toda a saúde publica no país e mandar os funcionários plantar café para sentirem a dor que nós doentes sentimos e aprenderem o que é trabalhar pesado.

Vejo o ICL – Instituto do Câncer de Londrina, Instituição filantrópica que salva vidas até de estrangeiros, funcionando apenas pela iniciativa privada e atende gratuitamente os pacientes, se o paciente tem plano de saúde é atendido e se não tem é atendido do mesmo jeito. Hoje essa instituição é sustentada porque mostraram a sociedade que são competentes, são pessoas com boa vontade e acima de tudo com amor ao próximo.

Esse sim é um hospital que merece ser chamado de sistema de saúde.

Telma Alcazar
Coordenadora do Grupo Meglon

2 comentários:

  1. Apoiadíssimo! Concordo plenamente com tudo o que foi dito...tem tantos problemas que nem sei se é possível consertar ao ponto de ficar perfeito...

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  2. Pam, ficar perfeito não acredito que ficaria mesmo com boa vontade de todas as partes. Se conseguissemos pelomenos reduzir os danos aos pacientes, eu já ficaria muito feliz.

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